quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Cicatriz

Há quem acredite que a vida não ofereça riscos. E passam incólumes por ela, vivendo suas vidinhas mais ou menos, e vão morrer de velhice, se não morrerem antes de tédio. Outros, encaram a vida como um enorme desafio, e têm que matar um leão por dia para sobreviver.
Tenho as vezes ataques de egoísmo, e queria que meus amigos todos, e todas as pessoas que eu quero bem ou admiro, vivessem a tal vidinha sem graça, mas sem riscos. Só que aí provavelmente não seriam meus amigos, não seriam admirados e a existência não teria qualquer interesse. Talvez eu nem os amasse tanto.
Enquanto penso nisso, ouço a música no rádio de pilhas do meu coração:
Quem quer viver um amor
Mas não quer suas marcas, qualquer cicatriz?
A ilusão do amor não é risco na areia, desenho de giz
Eu sei que vocês vão dizer
Que a questão é querer, desejar, decidir
Aí diz o meu coração:
"Que prazer tem bater, se ela não vai ouvir?"
Aí minha boca me diz:
"Que prazer tem sorrir, se ela não me sorrir também?"
Quem pode querer ser feliz
Se não for por um grande amor?
("Desenho de Giz" - João Bosco e Abel Silva)
Será que não dá para encontrar um equilíbrio nisso tudo? Qual é o segredo de dosar bem as coisas? Como se faz para morrer de velhice depois de uma vida intensa de amores, plena de motivações, rica de aventuras, aprendizados e sentimentos? Enquanto tento aprender sobre o bom senso, pelejo para sobreviver, mantenho o interesse na vida, me disponho a amar e ser amada, me equilibro na corda bamba,... olho meus companheiros. Ok, Drummond: vamos de mãos dadas. A luta pela sobrevivência me comove. A vida segue deixando sua cicatriz...

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