quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

3ª aula de costura

Ontem tivemos a última aula de costura do ano. Foi muito divertido. Acho que eu encontrei uma companheirona para as minhas costuras e bordados! Da mesma forma que ela fizera na 2ª aula, tracei no feltro os pontos que ela deveria costurar, depois ensinei-lhe a pregar miçangas. Percebeu tudo à primeira!
Assim, ela passou a tarde ao meu lado, toda entretida, e eu pude trabalhar na edição das minhas óperas.
Ela adorou fazer a decoração do paninho com as pedrinhas. No final, tínhamos um novo vestido para a boneca que o tio Rogério e tia Stef haviam dado. É uma bonequinha de feltro, feita à mão, que tem muitos vestidinhos nesse estilo, cada um de uma cor e modelos diferentes. Ela percebeu aí um mundo de possibilidades e quis logo fazer uma outra roupa para a boneca. Depois ficou encantada com o efeito conseguido. E você? O que achou?

2ª aula de costura

Finalmente dei prosseguimento às nossas aulas de costura. Lembram-se que eu havia preparado um coração para a Carolina costurar? Tracei com uma caneta porosa os pontos que ela devia coser. Primeira tentativa de usar tecido e agulha com ponta.
Ensinei-a a costurar pontos grandes, dos mais simples, para treinar a mão. Aí, com um pouco de plumante, fez um recheio fofinho para o mesmo.
Ficou animadíssima! Disse que este será o travesseiro de coração para os seus pôneis!

Hummmm!... Que fofinho!...

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A nova autora de tirinhas

Tenho lido as historinhas do Calvin para a Carolina. Ela adora! E eu também. ;-) Ontem decidiu escrever ela própria umas novas historinhas do Calvin. Disse que ia fazer um livro. Uau! Sentou-se e logo depois me chamou para ver a capa:
Segundo ela, o nome da história é «Calvin, Haroldo e o Bicho Papão».
_ Calvin, Haroldo e o Bicho Papão?
_ Não, mãe, tem que dizer assim: Calvin, Haroldo e o (grunhindo ameaçadoramente) Biiicho Papãããoooooo grrrrrrrrrrr...
Então tá. louca esperando os próximos desenhos!

Precavida

A TV me bombardeia diariamente com imagens do mau tempo tanto em Portugal quanto no Brasil. Ruas alagadas, casas submersas, carros danificados, telhados expostos, pessoas perdidas, danos de todo tipo. Acho que vou começar a construir a minha arca.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Olha o passarinho!

_ Fica ali, mãe. Pai, você também. Agora um sorriso... Click!

Depois de posar para a foto que a Carolina queria nos tirar, desfizemos a formação e já íamos indo embora, quando ela insistiu:

_ Esperem aí! Mais uma...

Refizemos a pose e ela apontava a câmara para os nossos pés, quando lhe avisamos:

_ Hei, filha, mais para cima, senão só vão sair os sapatos!

_ Eu sei, é que eu queria tirar a parte que ficou faltando!

Parceria

Às vezes, no meio de 100 vozes, você encontra amigos para a vida inteira. Pode ser que nunca mais dividam o mesmo palco, nunca mais se cruzem pela vida, mas fica aquela certeza de que alguém de quem você sempre gostará, toca seu barco algures. A amizade é assim... gratuita, brota de uma empatia natural, sem precisar muitos porquês. E quando a isso se soma aquela parceria que só pessoas que enfrentam o mesmo desafio e se safam, obtendo grande prazer e sucesso, então... bem... isso é algo que de fato será para sempre. Essa pessoa que carrego no pensamento é a Manuela, que aparece na foto numa de nossas muitas viagens com o Lisboa Cantat. Foi em 2001, em Coimbra e, como podem ver, o alemão já me perseguia há muito. Cantamos Ein deutsches Requiem, de Brahms, com a Orquestra Filarmônica de Timisoara, da Romênia. Sendo assim, Manuela, venha a obra que vier, conte comigo: na hora da fuga, eu fujo contigo!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Leão Léo

Eu dava aulas de canto para uma garotinha maravilhosa chamada Ylana. Tinha 7 anos naquela época. Deixei-a sugerir o tipo de repertório que gostaria de cantar, para fisgá-la desde o primeiro instante. Ela disse que, "apesar de cantar muita bossa nova por influências de papai" (adorei!), preferia Caetano Veloso. Perguntou se podia cantar "O Leãozinho", ao que eu anuí prontamente.
Sabem qual é essa música, não?
Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho
Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho.
Um filhote de leão raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um imã
O meu coração é o sol, pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu.
Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar no mar.
Algumas aulas depois, logo depois do aquecimento, eu lhe perguntei por qual música queria começar. E ela disse-me:
_ A música do Léo.
Eu, maluca, corri mentalmente todo o repertório para ver se estávamos a cantar qualquer coisa do Léo Jayme, ou outro assim... Será que estava tão confusa a esse ponto?! Não... não tinha nenhum Léo no repertório... Então lhe perguntei:
_ Que Léo, Ylana?
_ Ora... o leãozinho.
_ ... você arranjou um apelido para o leãozinho, foi?
_ Não, oras. É o nome dele (com toda a segurança do mundo). Ele se chama Léo.
_ Como foi que você descobriu isso?!
_ Está na música!
_ Onde (revirando toda a letra para encontrar a pista)?
E ela então cantou a plenos pulmões:
«(...) Quando ele lhe doura o pé, Leão Léo».

Leopardo

Criança vê o mundo de uma maneira tão descomplicada, aprende as coisas por mecanismos tão mais simples, que me matam de inveja!
A imagem de uma onça pintada aparece na televisão . Então diz a Carolina:
_ Hei, mãe!!! Olha o leão pardo!!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Uma árvore de contradições

A árvore de natal de cristais Swarovski foi montada, como já acontece tradicionalmente, na Hauptbahnhof (estação central de trens/comboios) de Zürich. É de uma beleza tão estonteante, mas ao mesmo tempo me leva a uma infinidade de sentimentos tão contraditórios, que não sei o que pensar. Eu explico:
Cada um dos enfeites colocados no pinheiro é constituído por uma peça de cristal de lapidação caríssima. Quando bate a luz, os efeitos nos deixam logo embasbacados. Não há como não pasmar diante de tal beleza.
Veja esse enorme cristal, ao pé da árvore, quase do tamanho de uma abóbora:

Minhas fotos, como sempre, não são lá grande coisa, mas você pode ver tudo melhor neste outro link.
Só uma pecinha destas, medindo 18 X 10 cm, custa cerca de 376€.
Veja. Consegue imaginar? Fazer as contas? Quanto vale uma árvore de natal gigante como esta da Bahnhof?!
Calma... Eu não sou insensível à beleza e à arte. Claro, a lapidação de cristais é uma arte arrojadíssima. E uma das funções da arte é fazer pensar (comigo isto já está funcionando). Também não sou uma pessoa utópica, socialista, comunista, nem qualquer outro 'ista'... Mas não consigo deixar de pensar na canção "Esquadros" da Adriana Calcanhoto:

Eu ando pelo mundo prestando atenção
em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora
Ah! Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus

Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome dos meninos que têm fome

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela,
Quem é ela, quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle.

Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado.

E é do meu irmão, que ouve e vê coisas que sempre me fazem prestar muita atenção (e que tem um blog muito bacana mas anda com preguiça de postar), que eu roubei estas fotos:

Meninos no lixão em Irecê, Bahia. Foto de Raphael Paiva.
Molecada do lixão, Irecê, Ba. Foto de Raphael Paiva.

Índios da reserva Inhacapetum, em São Miguel das Missões, RS. Foto de Raphael Paiva.
Então? Olhou bem para as fotos das crianças acima? Agora consegue ver e imaginar a árvore de cristais Swaroski?!
Há muito para fazer no mundo, não? Por onde é que a gente começa? Não sei porque, estou começando a achar esta árvore muito feia! E cada vez mais acho linda a vontade de viver que se vê nas carinhas sujas pelo mundo afora. Durma-se com uma consciência destas. Tô chata, né? Tenho certeza que muita gente preferia que eu contasse apenas sobre a maravilha de se morar na Suíça. Sinto muito. Acho que o mundo só vai ser lindo quando pudermos todos (aqui, no Brasil, em África, na Suécia, no Darfur, no Afeganistão, na China, nos Estados Unidos, na França, enfim... ) ter a mesma dignidade de vida.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Caracóis

Pela altura do Natal, os caracóis têm sempre muitos afazeres.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Conte conosco

Este desenho da Carolina é para dizer que nós lhe desejamos um Feliz Natal!
Se lhe serve de consolo, não foi só você que achou difícil ser bonzinho o ano todo... Nós também! A gente tentou, não é? Não desistimos nunca! Continuamos tentando...
Assim, se na noite de natal algum de nós não receber o tão cobiçado presente, não faz mal: continuamos amigos, seguimos de mãos dadas, sempre! Afinal, a melhor recompensa do mundo é ter amigos com os quais se pode contar. 'mbora contá? Nove,...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sapateiro

Algumas profissões vão tornando-se obsoletas e hoje é raro encontrar-se um bom sapateiro. Ah! Mas eu conheço um. Dos bons. É... mas ele já não trabalha. Aposentou-se. No entanto, meu tio Antônio forrava sapatos como ninguém! Para que forrar sapatos?! ... usava-se naquela época: nos casamentos ou nos grandes eventos, as mulheres cobriam os sapatos com o mesmo tecido do vestido. Outros tempos... Ficava uma lindeza! Cobertos de renda, tecidos brilhantes, tafetás... Eu jamais vou me esquecer daquele ambiente da sapataria do meu tio. Tanto preguinho, tachinha, pregão... aquelas caixinhas infindáveis com todo tipo de materiais, solas de couro, saltos infinitos... minhas primas sempre sabiam o salto que estava na última moda. Foi nessa época que eu soube que tinha um salto chamado carretel. Não é bonito? E as fôrmas?! Uau... e o cheiro inconfundível de couro, cola... Calma! Eu nunca cheirei cola: meu tio escondia e vigiava tanto aquelas latas, que eu nunca havia entendido bem o motivo. Adorava vê-lo com seu avental todo sarapintado de tintas, graxa, cola... e ele sempre com a fôrma no colo, ajustando, moldando e martelando solas, pregando, colando, cortando... Deve dar um gostinho todo especial saber fazer algo que quase mais ninguém no mundo sabe, não é? Segredos incontáveis...
Aí eu estava vagando por Viana do Castelo quando vi esta portinha aberta:
Ah! Que legal! Um sapateiro como se deve... Não resisti, puxei prosa, pedi para tirar uma foto. Claro. Ele não deve ter entendido nada. Só que eu não podia deixar de aproveitar uma oportunidade tão rara destas.
Então como você acha que eu vou explicar para a Carolina que sapatos não nascem dentro de uma caixinha na loja do shopping?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Meu pé de laranja lima

Meu avô tinha um pé de laranja lima que era mais do que uma árvore no quintal: era uma amiga da vida inteira. Sempre que eu lá ia, havia o momento de sentarmos juntos e, no meio daquela prosa boa, sem pressas, que só os mineiros sabem ter, meu avô sacava o velho canivete e descascava uma, duas,... três laranjas lima. Ah! Que perfume! Que sabor raro! Que prazer indescritível. Foi assim durante anos a fio. Considero esta uma das frutas mais exóticas do planeta. Se calhar há por aí alguma terra onde esta espécie brota que nem erva daninha. Mas eu nunca mais encontrei um pé de laranja lima. Para mim, laranja lima sabe àquelas tardes únicas de jogar conversa fora enquanto a ampulheta do tempo se debruçava no parapeito da janela verde com ferrolho. Tenho imensa vontade de provar deste fruto novamente para ver se ele serve para matar as saudades que tenho do avô Plínio.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Esportes de inverno

O chá de sumiço tem nome: tendinite provocada pelo uso em excesso do computador. (Leia-se má postura). Algumas sessões de fisioterapia após... cá estou eu de volta! Só não vou dizer que estou pronta para outra, é claro!

A neve chegou, finalmente. É uma festa ver tanta criança sair feliz da toca. Parecem passarinhos chilreando no jardim... Não tem época mais bonita. Começam os esportes de inverno. Eu até resolvi fazer uma lista dos meus esportes preferidos nesta época do ano. Aí vai:

1. Comer fondue acompanhado de um vinho tinto do Alentejo;

2. Assistir um filme de suspense enroscada numa manta no sofá da sala;

3. Cozinhar pratos inimagináveis cercada de bons amigos cobaias;

4. Bordar enquanto a Helena enxuga as lágrimas na novela das 8;

5. Ler na cama;

6. Inventar o que comprar em lojas meio vazias só para aproveitar o aquecimento;

7. Criar histórias sem pé nem cabeça enquanto vejo a Carochinha tentar dormir/não dormir;

8. Tentar perceber porque raclette faz tanto sucesso na Suíça.

E você? Acrescentaria algum outro esporte radical na lista dos preferidos para este inverno? Aceito sugestões, afinal, não gosto nada de ficar parada e perder a estação. eheheheh