sexta-feira, 31 de julho de 2009

Formas amorosas

Olha que delícia essas forminhas de silicone que encontrei ontem: não é coisa para encher de miminhos quem a gente ama? Adorei.

No bordado, uma declaração de amor

Bordei para ele este lenço dos namorados com uma declaração de amor.

Algumas canções são declarações de amor tão perfeitas, que podem traduzir todo o nosso sentimento.

Encontrei na letra de "A linha e o linho", de Gilberto Gil (1983), a mais exata expressão do meu amor de bordadeira:

É a sua vida que eu quero
bordar na
minha

Como se eu fosse
o pano e você fosse a
linha

E a
agulha do real nas mãos da
fantasia

Fosse bordando ponto a ponto nosso dia a
dia.


E fosse
aparecendo aos poucos nosso
amor

Os nossos sentimentos loucos, nosso
amor

O ziguezague do tormento, as cores da
alegria

A curva generosa da
compreensão

Formando a pétala da rosa da
paixão


A sua vida, o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de
mesa,

Reproduzidos no bordado, a
casa, a estrada, a
correnteza,

O
sol, a ave, a árvore, o ninho da
beleza.


Resolvi postar esta pequena homenagem porque hoje comemoro os 10 anos que vivemos juntos.
E eu ainda...

Chuva

Dias chuvosos me inspiram...

Há muito tempo atrás, fiz esse díptico que hoje está na casa do meu irmão. Toda vez que me deparo com ele, tenho a grata impressão de estar a rever um filho... Parece-lhe piegas?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Estábulo



Sei que é difícil acreditar, mas essa construção maior, à direita, é um estábulo na Suíça.
E eu... só queria ser uma vaca desse rebanho...
Como já sugeria a canção: "Troque seu cachorro por uma criança pobre." Ó eu aqui, ó!

À procura de um príncipe

O cavalo branco ela já conseguiu. Agora só falta o príncipe!

Devorada por um dinossauro


Às vezes, quando se é mãe de uma garotinha como a Carolina, temos que matar um leão por dia, digo, um dinossauro por dia, para vê-la crescer feliz. Não é nada fácil.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Caracolzinha, filha de Caracol

"A Noiva Cadáver" - a noiva (frente e verso) - Carolina, com quase 5 anos.

Adoro os desenhos da Carolina! Nestes aqui, que ela fez depois de ver o filme, ela resolveu fazer por trás do desenho da noiva, a continuidade do véu. Ou seja, fez as costas do desenho! haahhahaah Adorei! É quase um desenho tridimensional.
Cuidado com a baba do Caracol, que é do pior que há!!!!
Aí ela disse, toda enciumada porque eu disse que adoro os trabalhos do Van Gogh, que ELA desenha muito melhor que ele! Tá vingada!

"A Noiva Cadáver" - o noivo em duas versões, a 2ª melhorada.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Van Gogh

Vue d'Ales: au premier plan, des Iris, mai 1888, Van Gogh Museum Amsterdam (Vincent van Gogh Foundation)

Ontem fui a Basel (Basileia) ver a maravilhosa exposição de Van Gogh. É preciso viajar para ver pessoalmente coisas que nenhuma reprodução, por melhor que seja, dá conta de retransmitir.

Me emocionei diante deste quadro, que na verdade tem muito mais azuis/roxos que o aqui reproduzido. Olhando assim para a foto, parece haver uma predominância de amarelos e ocres. No entanto, diante da obra de fato, eles fazem com que as suas cores complementares saltem muito mais aos olhos, dando a impressão de que nela predominem os azuis e roxos. Tem um domínio técnico admirável! É preciso viajar para ver.

Les cyprès, juin 1889, The Metropolitan Museum of Art, New York. Rogers Fund

Estes ciprestes também têm que ser vistos ao vivo e a cores: é impressionante o movimento que se percebe claramente na obra. Mas claro, reprodução nenhuma poderá transmiti-lo. É quase um vendaval de revolta! Uau! Como se chega nesse nível de excelência? Foi uma aula e tanto!

domingo, 26 de julho de 2009

Internet e criação

Li um texto do Umberto Eco há muito tempo atrás, onde ele dizia umas coisas que deixavam muito em que pensar: ele falava sobre a máxima "Esporte é saúde". E avaliava que isso só era verdade do ponto de vista do atleta, praticante do esporte, a despeito do que muita gente pensa. Porque o gajo que fica em casa no sofá, diante da TV, assistindo ao futebol no fim de semana, obviamente não está incluído nesse benefício saudável. Ou seja, só vale para quem realmente o faz ou pratica!
Muitas vezes, me pego com aquela vontade louca de bordar e, ao invés de ir buscar linha e agulha, acabo folheando algumas revistas italianas especializadas no tema, ou surfando na internet em sites dedicados a essa arte, e me delicio com aquilo tudo... no final de muito ver, saio saciada, exausta, e já sem vontade ou tempo para bordar. Tento nunca perder de vista que isso não satisfaz meu desejo de criar. O passeio que nosso cérebro dá por tudo aquilo, não substitui o fazer. Quem fez, foi o outro, está claro.
O mesmo se dá comigo em termos da utilização do computador e a navegação na internet: a ideia de criar esse blog se deve à percepção de que eu mais tenho sido uma "consumidora" da internet, do que uma "produtora". Consumir é importante, mas não traz os mesmos benefícios da produção. Para já, não é uma preocupação em produzir para um público específico. Por enquanto, me basta o benefício de saber que criei algo, pus meu cérebro para trabalhar, expressei algo que manda embora aquela ansiedade do fazer, do pensar, e do sentir. Num próximo passo, se isso tiver interesse para mais alguém, é definir esse público e encontrar aí nossos interesses comuns. Produzir para alguém que nos lê ou vê, que nos devolve alguma ressonância, concorda, discorda, pensa junto e, de preferência, incentivar esse alguém à própria criação. Muito pretensioso?
Internet também pode ser saúde!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Amizade que não morre

Então veja se a vida não avança em elipses: enquanto eu escrevia o último post, sobre Ouro Preto, Lobo de Mesquita e abril de 1999, não é que eu recebo um mail de um grande amigo, triste com a morte de seu cão... ele escreveu o texto abaixo que eu lhe pedi para publicar aqui no blog. E dizem que coincidências não existem...

"Partiu o meu grande e querido
amigo!...

A saudade que me invade fica sem
explicação, pois sua presença é tão marcante que é como se ainda estivesse
aqui.

Você partiu meu caro amigo de 10 anos de
convivência, de traquinagem, de alegrias, amor, companheirismo, neste dia 17 de
julho que nunca há de ser esquecido, pois amigos como você é impossível de
esquecer... Ficará uma lacuna nos dias que virão sem a sua
presença...

LOBO DE MESQUITA... lembro como se fora
hoje, uma grande amiga, Rejane Paiva, em sua casa, me ofereceu você e perguntou
que nome te daria... e eu disse, será Lobo. então ela pediu que fosse o nome de
um grande maestro da música erudita brasileira - Lobo de Mesquita - e assim
foi... 1999, 30 de abril. Saí com você no colo, parecia um pompom gigante
aninhado em meus braços, e de lá prá cá, só alegria... às vezes algumas
briguinhas, por que não? Grandes amigos também têm seus momentos de pingos nos
"is".

E hoje, após essa longa data, me vejo sem
chão prá pisar, me vejo sem ter o que pensar e só lágrimas me vêm aos olhos e no
coração. Como suportarei sem você? Meu grande amigo Lobão, que carinhosamente
chamava de "negão", "filhão", e outras expressões, para demonstrar meu
carinho e nossa amizade...

Não terei mais, pelas manhãs, todas sem
exceção, sua carinha marota a me espreitar, solicitando um carinho, uma voltinha
pela rua, para os seus xixis matinais, e o seu prato de ração que você comia com
tanta parcimônia, sempre deixando um pouquinho prá comer, quando eu chegasse da
rua...

Ah! meu querido, quantas saudades você vai
deixar por estas bandas!

Vai, meu filho, que adotei com tão tenra
idade e hoje vejo partir...

Você sempre será um ponto de luz a brilhar
em cada cantinho em que você pisou, mijou, fez cocô, marcando seu eterno
território, neste local em que vivemos tantas coisas juntos, e que com certeza,
nenhum outro saberá, jamais, substituir.

Saudades!... Saudades!... Saudades!...
Eternas... meu "negão" querido!

Deste que sempre te amará!... Lucas... hoje... "

Procissão de anjos em Ouro Preto

Este poema da Adélia Prado sempre me comoveu:

VEROSSÍMIL
Antigamente, em maio, eu virava
anjo.

A mãe me punha o vestido,
as asas,

me
encalcava a coroa na cabeça e
encomendava:

"Canta alto, espevita as palavras
bem."

Eu levantava vôo
rua acima.

Eu também já fui anjo de procissão e espevitei bem as palavras, cantando alto.
Que saudades desse momento tão único em Ouro Preto! Era o ano da graça de 1999.
Regi a Missa em Fá, de Lobo de Mesquita, que o Coral Cidade de Uberaba e o Coro Municipal de Uberlândia cantaram juntos. Depois, galgamos o tapete da Semana Santa como um séquito de Querubins ladeira acima. Nem foi preciso asas para sentir a alma roçar as nuvens...


Um grande reencontro após 25 anos!

Mariáguida e eu.
No ano passado estive em Brasília, depois de muitos e muitos anos. E foi fantástico reencontrar duas amigas do tempo de república: Mariáguida e Lili. Moramos juntas quando eu fazia UFU em 1982. Há 25 anos atrás!!! Uau! É um luxo poder retomar amizades de tanto tempo que sempre estiveram tão presentes em minha vida.

Lili e Mariáguida.

Trabalho em andamento


É verdade... sou incapaz de fazer uma única coisa de cada vez. Vou fazendo tudo ao mesmo tempo: quando me canso de um bordado, ao invés de parar, pego noutro. Descanso de uma coisa fazendo outra. Daí, acontece as vezes de ficarem vários prontos em simultâneo. Mas na maior parte das vezes, está tudo inacabado ou em suspensão aguardando a retomada.

Vestidos

Tô bordando uns vestidos que povoam a minha imaginação...
Um dia,
todos os vestidos de bolinhas,
de lacinhos, de florzinhas,
de seda, de renda, de crochê...
todos!...
todos os vestidos foram meus!
Para não falar nos pijaminhas de flanela...
E a culpa é dessa figura deliciosa
que é a minha mãe.
Adorava e adoro vê-la
às voltas com a máquina de costura...

Prazer de cantar em grupo

Pois é... preciso admitir que dentro de um coro, eu fico que nem pinto no lixo! Adoro cantar em grupo! Esta aí foi uma apresentação em Loulé, Portugal, com o Coro Lisboa Cantat, num flagrante fotográfico da amiga Ana Abrão.

Calvin e Haroldo


A sensibilidade de Bill Watterson sempre me fez desejar ter um Calvin em casa. Depois que minha filha nasceu, nunca mais tive tempo para ler ou ver seus livros, mas em compensação, compreendi verdadeiramente o que significa um "desenho animado". Esta porcelana é uma homenagem a eles.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O rastro do caracol
Bordado, arte e memória.

Eu já gostei tanto de desenhar, que desejei ser como uma espécie de caracol: um bicho que deixasse um rastro de desenho por todo lugar que passasse... Pressinto que carrego em mim uma espiral que projeta meu tempo avante sempre com uma volta pelo passado. Preciso conferir minhas memórias toda vez que vislumbro o próximo passo. Avanço lentamente num movimento de elipse que passa pela arte, pela música, pelo bordado, pela porcelana, pelos livros, pelos amigos, pelas viagens, pelas paixões, pelas saudades... por toda a minha história. Esse blog é o registro desta espiral.