terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Frio

O problema do frio é que, por mais que se consiga manter algumas partes bem aquecidas, há sempre outras que ficam de fora e estragam a boa disposição geral. Por que não dá para ter tudo quentinho o tempo todo agora?!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Levar a vida

Ao contrário do Zeca Pagodinho, eu não gosto nada desse negócio de deixar a vida me levar: eu ainda prefiro levar a vida! Calmaí, que eu tô tentando retomar as rédeas da situação...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Função do artista

Vamos fazer uma brincadeira?!
Ouça este videoclip e tente encontrar as seguintes frases:
Quando você for convidado(...)
Pra ver do alto a fila de soldados pretos,
e são quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros
pretos e ladrões mulatos
E outros quase brancos tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos, pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão
pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento
voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados(...)
Não importa nada: (...)
Ninguém é cidadão.
(...) A grandeza épica de um povo em formação
nos atrai, nos deslumbra e estimula.
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado (...)
Se o venerável cardeal disser que vê tanto
espírito no feto e nenhum no marginal (...)
Pobres são como podres (...)
E todos sabem como se tratam os pretos (...)
(...) E quando você for
(...) apresentar sua participação inteligente (...)
Pense no Haiti, reze pelo Haiti:
O Haiti é aqui.
O Haiti não é aqui.
(Caetano Veloso e Gilberto Gil- 1993)
Encontrou?!!
Então agora, se calhar, consegue perceber qual é uma das muitas funções de um artista: ser porta voz de sua época, estar "antenado" com as questões de seu povo, antecipar, falar, propor, ver, rever, instigar, levar à reflexão...
Não, eu não vou aqui fazer nenhuma defesa de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Eles já valem por si. Vou só me juntar à reflexão e ao coro, enquanto tento descobrir uma maneira inteligente de contribuir para a solução do problema :
Pense no Haiti, reze pelo Haiti:
O Haiti é aqui.
O Haiti não é aqui.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Beija sapo

Eu estou desconfiada que a Carolina andou beijando algum sapo no caminho da escola...
Como eu suspeito disso?! Veja bem como ficaram os seus dedinhos :
Acho que ela tá se transformando numa perereca com mãozinhas de batráquia!
Eu não disse que beijar na boca dava sapinho?!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Tons de branco

Dizem que nossa língua não tem tantas palavras para definir o branco da neve quanto a língua dos esquimós. Explica-se o fato pela vivência e conhecimento mais aprofundado que estes povos têm da neve. Você concorda? Olhe bem as imagens que se seguem. Vamos ver se nós temos esse olhar treinado e se conseguimos definir os diferentes tons de branco? Branco longe...
Branco fofo...
Branco acumulado...
Branco descansado...
Branco alaranjado...
Branco amontoado...
Branco por todo lado...
Branco adocicado...
Branco avermelhado...
Branco textura...
Branco às pencas...
Branco me leva para dentro daquela casinha de passarinho lá atrás...
Branco larga do meu pé...
Branco poroso...
Branco tire as botas senão você vai sujar a casa toda!
E então? Conseguimos?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Meu coração tropical está coberto de
neve, mas ferve em seu cofre gelado.
A voz vibra, e a mão escreve "MAR".
(João Bosco e Aldir Blanc)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Lançamento

Alô, pessoas! Hoje eu tão feliz, mas tão feliz, mas tão feliz!!!... Precisava contar para vocês: é que F I N A L M E N T E saiu a Enciclopédia da Música em Portugal no século XX. E essa alegria toda deve-se ao fato de eu ser autora de duas das entradas - uma sobre o Carnaval e outra sobre o Entrudo. O que são 2 entradas no meio de um total de 1200 entradas distribuídas em 4 volumes? Nada. Mas não é bacana? Gosto de pensar que também é um pouco minha. O lançamento será só no próximo dia 21. E eu adoraria estar lá. Será que vai dar? De qualquer forma, fica o gostinho de rever mais um dos muitos rastros que deixei por aí.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Signo de elemento água

Uma coisa é certa: desconfie de uma piscina com aparência plácida e inofensiva, mas que tenha um trampolim para saltos ornamentais. Não lhe parece óbvio? Pois...
Na Quinta-feira tratei de por em prática uma das minhas resoluções. Não que eu tenha escolhido esta data para tomar decisões impossíveis e impraticáveis movida pela euforia provocada pelo champagne do Ano Novo: é que aqui onde moro, na piscina mais próxima, só se pode iniciar as aulas de natação ou aquafit no início do ano. Quer dizer, a decisão de voltar à hidroginástica já estava tomada desde Junho, mas tive que esperar o período certo para me matricular. Enfim, lá me atirei à atividade que eu adoro e que me faz sentir uma mulher com super poderes.
Contudo, assim que cheguei à borda da piscina, enquanto a professora me dava as boas vindas, eu nem conseguia olhar para ela, pois meus olhos não desgrudavam do trampolim altíssimo à sua beira. Entrementes eu pensava: quem saltaria de um trampolim tão alto se a piscina não fosse funda o suficiente? Quer dizer, muuuuiiiito funda? Fundíssima?! Enquanto meus olhos transmitiam informações urgentes e desordenadas ao meu cérebro, comunicando que aquilo na verdade era um poço para saltos olímpicos ornamentais, fiquei tentando perceber se, pela fala cadenciada em alemão a professora não estaria me dizendo que aquela, ao contrário, seria a aula para os participantes das próximas olimpíadas. Nada disso. Com o semblante preocupado, coração acelerado, eu aceitaria de bom grado um colete salvavidas. Uau! Nunca tinha feito aula de hidroginástica em suspensão. Quer dizer, em suspensão obrigatória! Algumas vezes até procurava a parte mais funda das piscinas que eu utilizava para trabalhar mais sem tocar o chão. Rapaz... eu me meto em cada uma!!! Meti-me na água antes que meu organismo ligasse a maquininha de ir embora. Enquanto ouvia-a a contar "Eins, zwei, dri..." procurava ver o fundo da piscina e só o que eu percebia era uma imensidão azul lá para baixo... lembrou-me quando fui fazer mergulho com snorkel em Cabo Frio: um marão lindo, profundo e azulado...

Devo confessar que nos últimos 25 anos ou mais em que fiz hidroginástica, nunca tinha feito aulas numa piscina em que não pudesse tocar os pés no chão. Os exercícios quase sempre pressupunham saltar, arrastar ou deslizar no fundo, em alternância a alguns outros exercícios em suspensão. Mas o piso estava sempre ali, ao alcance. Querem saber o que resultou disso tudo? Foi uma delícia!!! Senti que força ainda mais ficar controlando o equilíbrio para estar na vertical, para não girar para outros lados... ah! e impacto zero!!! Mais prazeiroso ainda! Sempre que entro na água, percebo que estou no meu elemento. Acho que sou uma aquariana signo de elemento água. Saio tão energizada, que fico pronta para o que der e vier. Então... vem ni mim, 2010!!! Ah! Mas não me pergunte como era o fundo da piscina, nem qual a profundidade da mesma. Lá pelas tantas parei de me preocupar, para não ter vertigens, labirintite, sei lá... arranjar novos problemas. Fundo da piscina?! Até agora não sei do que se trata. E já me considero uma sobrevivente!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

2010

SAI DA FRENTE QUE ATRÁS VEM GENTE! Lucas, Marluce, Ésio e Rejane - foto de Eugênio Paccelli

Carta de amor, vírgula!

Naquela época eu devia ter a idade que minha filha tem hoje... lembro-me que a escrita para mim era um mistério que eu andava louca por desvendar. Foi por isso que achei que aquele conselho, vindo de uma tia que eu achava tão bacana, e que parecia mesmo saber das coisas, era um conselho para ser guardado pela vida inteira.
Afastando um pouco o pó da memória, vem-me a imagem clara da tia Maria Helena com uma carta na mão, retirando um papel todo escrito - frente e verso, de dentro de um envelope. Ela ainda era solteiríssima e namoradeira o bastante para escrever cartas de amor aos seus muitos namorados. Aquelas palavras todas desfilavam diante da minha imaginação e eu pensava entrementes: um dia ainda hei de escrever cartas de amor! Muitas. Cheias de vírgulas.
Acompanhava a sua maneira cuidadosa de colar o selo no envelope ainda aberto, quando a tia me deu o papel escrito e disse:
_ Toma, Rejane. Distribui aí algumas vírgulas.
_ ... eu ainda não sei escrever, tia Mareléna.
_ Não precisa... põe aí em qualquer lugar.
_ Pra que?
_ Pros moços ficarem pensando que a gente é inteligente! Depois que a gente escreve tudo o que quer, a gente deve sempre distribuir umas vírgulas na carta, que é para eles verem que a gente sabe escrever bem. A pessoa que sabe escrever bem usa muitas vírgulas nas cartas.
_ Ah. Tá bom...
E assim o fiz, pondo uns daqueles risquinhos que ela me ensinara e pensando como é que alguém poderia dar atenção a uns negocinhos tão insignificantes, daquele tamaninho... Achei aquela revelação tão importante que me concentrei no fato de que nunca deveria esquecê-la dali por diante.
Agora, avaliando melhor, verifico que o truque não deve ter surtido muito efeito. Afinal, a tia não se casou com aquele namorado. Na foto abaixo, ela aparece mais tarde, no dia de seu casamento com o único ser capaz de entender as suas regras de pontuação. Pela minha cara, no canto direito da foto, vocês podem imaginar a desconfiança com que eu assistia àquilo tudo:
No entanto, volta e meia, todo 1º de Janeiro, o antigo conselho me volta à lembrança, porque é o dia do aniversário da tia Maria Helena.
E se eu pudesse hoje fazer alguma recomendação importante a algum sobrinho meu, eu certamente diria:
NUNCA CONFIE, NUM,, ANIMAL QUE SANGRA, POR, QUATRO DIAS INTEIROS,, SEGUIDOS, E NÃO, MORRE! eh eh eh eh
Valeu pelos conselhos, tia Mareléna! Feliz Aniversário!