São tantos os escritores portugueses geniais e que eu aprecio com verdadeira devoção! No entanto, recebo a notícia da morte de Saramago como se ele fosse o único. O motivo talvez seja o fato de termos sido contemporâneos. Mesmo ele já tendo nos deixado uma vasta obra, eu sempre fico pensando naquelas que ele ainda poderia ter escrito. Uma enorme perda que há de ser lamentada por toda a humanidade. Mas sem dúvida e antes de mais nada, também por mim. Ave, Saramago!
Agora, se você for à Lapa, não vai mais perder a viagem: há de encontrar algum malandro, com certeza. Não onde você espera, nem mesmo como você imagina. Mas esta pedra o Chico já havia cantado há muitos anos atrás:
Eu fui fazer um samba em homenagem à nata da malandragem que conheço de outros carnavais. Eu fui à Lapa e perdi a viagem, que aquela tal malandragem, não existe mais.
Agora já não é normal o que dá de malandro regular, profissional, malandro com aparato de malandro oficial, malandro candidato a malandro federal, malandro com retrato na coluna social, malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal.
Mas o malandro pra valer, não espalha, aposentou a navalha, tem mulher e filho, e tralha, e tal... Dizem as más línguas que ele até trabalha, mora lá longe e chacoalha num trem da Central. (Homenagem ao malandro - Chico Buarque- 1978)
Fui buscar essa música porque uma notícia hoje na Folha de São Paulo me fez pensar sobre essa homenagem que os garis do Rio de Janeiro estão prestando aos eternos habitués da Lapa. Veja:
Não ficou um charme o detalhe do chapéu Panamá integrando o uniforme? Só que há uma contradição total nisso: malandro trabalhando, meu nego?!!! Uniforme de trabalhador fazendo homenagem a malandro?!!! Nossa! Que nó!
Mas a verdade é que o Brasil é sincrético até nisso. Acendemos uma vela para Deus e, na dúvida, outra para o Diabo. É mais garantido. E somos sincréticos também ao sermos muitos: Num mesmo gari, que se esfalfa no trabalho diário de limpar as ruas para garantir o pão no final do mês, há também espaço para o malandro que, despido o uniforme, cai no samba e vira noites pelos bares, rodas de samba e mesas de jogo de cartas marcadas. O brasileiro dá duro. Vende o almoço para comprar o jantar. Há muita luta, mas também há muita esperteza malandra. Não fosse assim, como sobreviver ao caos diário da existência? É... nós somos um poço de contradições.
Veja esse outro vídeo do gari Sorriso no Carnaval:
Outro dia tive um ataque de frivolidades. Algo fulminante, que me levou a ligar este motivo a este outro:Sim, são dois motivos bem simples
que eu encaixei um no outro
e o resultado ficou assim visto do avesso:
Depois trabalhei ligando-os definitivamente, num design celta.
Claro, não há nada que pareça complicado, que você não possa complicar ainda mais... e foi aí que eu decidi colocar algumas miçangas...
Frivolitè é assim. Você faz e depois fica pensando para que serve algo tão inútil... Não há como explicar. Algumas coisas são tão amigas dos olhos, que a gente faz simplesmente porque não resiste ao desafio, ou para tê-las por perto por mais algum tempo.
Então resolvi procurar uma "aplicação" qualquer (desculpe, mas o trocadilho saiu-me naturalmente) para dar ao meu ataque de frivolidade. E apliquei-o numa camiseta da Carolina.
Fiz um acabamento na gola e voilà! Ficou assim:
É verdade que tudo que coloco nessa modelo me parece bem. Ela ajuda.
Até que nem ficou assim tão mal, pois não?
O que vale é que ela adorou! E eu me perdoei por mais esse momento frívolo. Foi bom.
48 anos, casada, mãe da Carochinha, aquela das historinhas...Eu já gostei tanto de desenhar, que desejei ser como uma espécie de caracol: um bicho que deixasse um rastro de desenho por todo lugar que passasse... Confiro as minhas memórias toda vez que vislumbro o próximo passo. Avanço lentamente num movimento de elipse temporal que passa pela arte, pela música, pelo bordado, pela porcelana, pelos livros, pelos amigos, pelas viagens, pelas paixões, pelas saudades,... por toda a minha história.