sábado, 3 de abril de 2010

Tapete de serragem

E foi assim que cheguei à conclusão de que já estava na hora de ter o nosso próprio tapete. O espetáculo era Passos das Paixões. Não a paixão de Cristo, mas as paixões humanas.
No tapete, não os símbolos da igreja, mas a simbologia dos amores: dois corações, flores, a lua e a estrela...
Ah! Se esta rua fosse minha!... Eu mandava, eu mandava ladrilhar. Mandava nada: mandava era estender um tapete de serragem colorida, que mineiros de fé inabalável vararam dias recolhendo, tingindo, secando, armazenando...
O local escolhido? Igrejinha de Santa Rita, já então transformada em Museu de Arte Sacra de Uberaba.
Afinal, cada um sabe qual é a cruz que carrega, não?
As canções? Todas aquelas em que o amor brotasse por entre as colcheias...
Era um fim de tarde especial. O trabalho conjunto preparava o espírito para o que vinha no espetáculo da noite. Ali fizemos nossa concentração.
Tudo o que queríamos, era que o público percebesse que fizemos todo aquele tapete para recebê-los. Depois de adentrar o recinto, o tapete iria aos poucos sendo desfeito, porque lá dentro seria encenada cada uma das estações do amor. Cada qual com seu sentimento inerente: a surpresa da descoberta, a sensação de estar no céu, a perda, a separação, a saudade...
O tapete de Passos das Paixões foi mais uma obra do efêmero em nossas vidas. Mas foi inesquecível!
Alôôô! Alguém viu algum mineiro com chapéu de luz trabalhando?! Que ideia fazem de nós!
Então depois eu conto qual foi a cara dos funcionários da limpeza quando chegaram para trabalhar no Museu no outro dia... ahahhahaha Mentira! Porque à noite, para expiar nossos pecados, estivemos a limpar tudinho, tudinho. Na MESMA NOITE, após a saída do público. Como se não fosse suficiente toda a produção até ali! E devo dizer que, para mal dos negócios, um público nunca demorou tanto a sair da cena do crime! Tivemos até que colocar as vassouras atrás da porta!

2 comentários:

Rachel disse...

Não acredito q vc fez uma coisa dessas! Aliás, eu não acredito q eu não estava presente! Onde eu tava? No berço?! Brincando de boneca?! Poxa...

Parece q isso foi lindo mesmo...

Rê, estamos com saudade aqui... e o sushi na cozinha nova da Inês já tá agendado!! Bjos!

Rejane Paiva disse...

"No berço"??!!! Tá me chamando de véia?!!!! Perdeu o amor à vida, é?!!! Ora... vc devia estar namorando por aí, enquanto eu ralava! eeheheheh
Beijo. Não vejo a hora desse sushi.