domingo, 26 de julho de 2009

Internet e criação

Li um texto do Umberto Eco há muito tempo atrás, onde ele dizia umas coisas que deixavam muito em que pensar: ele falava sobre a máxima "Esporte é saúde". E avaliava que isso só era verdade do ponto de vista do atleta, praticante do esporte, a despeito do que muita gente pensa. Porque o gajo que fica em casa no sofá, diante da TV, assistindo ao futebol no fim de semana, obviamente não está incluído nesse benefício saudável. Ou seja, só vale para quem realmente o faz ou pratica!
Muitas vezes, me pego com aquela vontade louca de bordar e, ao invés de ir buscar linha e agulha, acabo folheando algumas revistas italianas especializadas no tema, ou surfando na internet em sites dedicados a essa arte, e me delicio com aquilo tudo... no final de muito ver, saio saciada, exausta, e já sem vontade ou tempo para bordar. Tento nunca perder de vista que isso não satisfaz meu desejo de criar. O passeio que nosso cérebro dá por tudo aquilo, não substitui o fazer. Quem fez, foi o outro, está claro.
O mesmo se dá comigo em termos da utilização do computador e a navegação na internet: a ideia de criar esse blog se deve à percepção de que eu mais tenho sido uma "consumidora" da internet, do que uma "produtora". Consumir é importante, mas não traz os mesmos benefícios da produção. Para já, não é uma preocupação em produzir para um público específico. Por enquanto, me basta o benefício de saber que criei algo, pus meu cérebro para trabalhar, expressei algo que manda embora aquela ansiedade do fazer, do pensar, e do sentir. Num próximo passo, se isso tiver interesse para mais alguém, é definir esse público e encontrar aí nossos interesses comuns. Produzir para alguém que nos lê ou vê, que nos devolve alguma ressonância, concorda, discorda, pensa junto e, de preferência, incentivar esse alguém à própria criação. Muito pretensioso?
Internet também pode ser saúde!

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